capítulo I


não tenho vontade de mais agora a não ser tar contigo. agarrar-te como quem agarra a vida e perder-me apenas em ti. mas se algum dia eu tiver coragem, dar-te-ei o meu último beijo, abraçar-te-ei pela última vez e desperdi-me-ei de ti, pela primeira vez. foste a melhor árvore que me acolheu durante largos e duradouros meses, deixaste que valentes tempestades me molhassem, que ventos fortes me empurrassem, foi como se todos os frutos que plantamos e cuidamos durante tanto tempo, tivessem caído, por ordem do tempo e da fraqueza que demonstramos ter. a resistência que perdemos ao longo dos meses, e a quebra que sentimos ambos um no outro. e se eu quisesse contar, aqui e agora, tudo o que a nós nos faltou para isto resultar? faria-o. sem problemas nem complexos. foi uma bela história enquanto durou.
teve fins, muitos. mas nenhum definitivo. e se soubesses o quanto para mim era dificil dizer-te um "adeus", por essa mesma razão nunca o fiz.
mas ninguém tem um coração moldado de ferro, ninguém vai ao supermercado comprar força nem ninguém é forte ao ponto de não fraquejar perante nada.
e no fundo, o que me abala, é reconhecer que o que nos magoa mais é aquilo que se torna inesquecivel.
mas enfim, estes dias de chuva têm-me feito pensar, parece que o frio me congela o coração e eu não te consigo amar. amo-te, mas não como te amei em tempos. gosto de ti, apenas.
e sabes uma coisa? nunca pensei descolar o meu coração ao teu desta forma. mas o desprezo cansa, a inquietação satura e a impaciência mata-me.
agora quero que estejas bem, não penses que uma ausência apaga vidas. acredita em ti, mas preserva aquilo que és. não te tornes num alguém reconhecido, sê tu próprio, não te eleves, porque no fundo, o facto de te achares superior esconde as tuas características que te fazem ser aquilo que és.
mas e obrigada. que sejas "buéd" feliz, como sonhavamos ser, há uns meses atrás.