houve uma parte de mim que sempre esteve contigo e eu sentia que sim; sentia que me faltava aquilo que outrora eu tinha conquistado. eu sabia que metade daquilo que eu era nunca mais tinha voltado e, em tempos, receei nunca mais voltar a senti-lo; voltar a sentir que sim, que era capaz de acreditar em mim e que de caminhos sem saída, a vida está cheia... mas eu sempre soube que eu conseguia ler estas páginas de vida sem saudade; eu sempre soube que se quisesse realmente eu remaria contra a corrente e voltava a ser feliz, como se nunca tivesse perdido aquilo que é verdadeiramente meu. mas confesso, em tempos eu tive medo; medo que a vida se alimentasse da minha decadência e eu fosse consumida pelo próprio mundo que me rodeia e esqueci que outrora podia fazer destas palavras a minha realidade; esqueci aquilo que sempre tive e adormeci num sono profundo. e dormir durante tanto tempo, eu sinto que sim; eu tenho noção da quantidade de oportunidades que vi a fugirem-me pelos cabelos enquanto eu tentava esquecer aquilo que durante uns bons anos me tinha feito realmente feliz. mas agora, eu sei que isto é tudo efémero; que as pessoas são como aviões que vão e vêm e que as palavras são as armas mais poderosas que a espécie humana possui; (...) mas eu acordei e talvez este sono me tenha feito ganhar forças que outrém alguém me fez perder. mas eu voltei, e não tivesse eu a consciência tão calma e a certeza de que desta vez eu vou acreditar e este barco vai realmente viajar, porque ficar à deriva, já ficou durante muito tempo...