é incrível. as pessoas andam todas por aí numa luta contra elas próprias... a tentarem ser aquilo que não são; a amar as coisas em vez de amar os outros; a olhar para o chão em vez de contemplar o azul do céu; a rasgar as cartas do passado em vez de o recordar; a tentar adivinhar o futuro em vez de o descobrir; a hipotecar mil e uma forma para serem felizes em vez de o serem; a contar as horas em vez de as ver passar enquanto um ponteiro tonto gira sempre em torno do mesmo... é mesmo incrível. o mundo por si só já é incrível, mas estes campos que hoje me cercam; estas ruas que me levam sempre ao mesmo lugar; este tecto que me cobre desde que me lembro de mim... e não me lembro de mim assim à muito tempo. não tenho saudades das horas que contei; das lutas que vivi enquanto tentava ser diferente; dos amores que perdi pelas coisas; de olhar o chão; de adivinhar o amanhã... não tenho saudades do que era; nem do que fui; nem do ontem; nem do antes; nem do passado... tenho saudades das pessoas que foram e ainda hoje eu espero pelo seu regresso... e estas saudades que hoje falo não são pelas pessoas, mas pelos livros que juntas escrevemos; dos grandes sorrisos que demos; das enormes conversas que fazem parte do melhor albúm de memórias que guardo... e sim, é de ti que eu estou a falar. porque sempre gostei de te ter perto de mim; de te sentir como um braço direito... mas o tempo voou, as coisas mudaram, tu mudaste com elas e os nossos lugares mudaram de sítio... de qualquer das maneiras, guardo de ti tardes de sol, de chuva, de neve e de calor... mas também de frio... guardo o saber de um "adeus" típico e sempre dito, mas também de um "amo-te", que apesar de raro... sempre foi sincero! p.s.*