11.12.10

rasguei as folhas do livro das nossas vidas. faltavam três páginas para que juntos, enchessemos um simples caderno pautado com a emoção do que foi e como foi vivermos juntos durante nove meses. é certo. certo que muitos mais dias se poderiam ter seguido. admito. admito que me confundi por entre tantas despedidas e tantas voltas. tantas idas e tantas vindas. baralhavas-me. chegavas e partias, como se o meu coração tivesse uma porta de entrada e uma porta de saída.
a tua primeira saída partiu-me a porta. saíste violentamente. não prometeste voltar. não deixaste rasto nem cheiro. deixaste o teu amor cravado em mim. e quando, a tua segunda chegada se deu, a porta ainda estava aberta. entraste. e pelo meio muita coisa aconteceu. ainda tivemos tempo para idealizar sonhos e sonhos, projectos e ideias que juntos escrevemos. temos letras rasuradas. frases riscadas e escritas como sendo notas. temos, uma folha com uma enorme lista de coisas que sonhámos, em conjunto, satisfazer. não cumprimos promessas. deixamos sonhos espalhados e não realizados. voamos sem ter asas. brincamos com aquilo que era sério. e deixámos fugir o que tinha vontade de ficar.
como se um pobre pássaro nunca tivesse experimentado o que é ser livre e poder voar. as horas fizeram com que os dias passassem e ensinaste-me que a vida é o único relógio que não para, que as nossas vidas são rios que desaguam todas para o mar e que somos jogadores nesta lotaria de confusão de dias.
não me peças para te explicar todas estas metáforas, todos estes eufemismos, estas comparações. não gosto de ser precisa. o meu quotidiano é uma roda que gira em redor do seu objectivo.
obrigada por teres sido quem foste. é certo que não foste a melhor pessoa e o errado é eu ter-te amado tanto ao ponto de negar aquilo que me parecia óbvio.
mas a verdade é como o sol. aparece sempre entre as nuvens, nem que seja após longos dias de chuva.
foste a personagem principal na história da minha adolescência. contribuiste incessivamente para o meu crescimento. ligaste a luz da minha maturidade e obrigaste-me a descobrir que eu era capaz.
não estou como era no primeiro dia em que te conheci. se reparares mudei, como as cobras mudam de pele todas as estações. mudei radicalmente. se olhares para trás e recordares o dia dez de março de dois mil e dez, nem parece que sou eu. só faltava mudar o meu nome também.
tenho saudades de te amar como te amava e de chorar quando me mostravas que não me merecias. saudades de ser tonta e ligar-te quando me desprezavas. saudades de chorar e te ouvir gozar. saudades de me beijares com fumo de tabaco. saudades de saber que fazias merdas atrás de merdas e isso obrigar-me a amar-te cada vez mais. saudades de beber leite com chocolate quente no meu sofá nas tardes frias de abril. saudades de comer cerejas nas tardes quentes de verão. saudades de te mandar cortar o cabelo e até saudades de me mentires e eu descobrir a verdade.
são saudades valiosas. saudades de episódios que fizeram o que sou hoje. e se não fosses tu, se não fosses mentiroso, se não fosses traidor nem egoísta, secalhar hoje eu não seria forte como sou. e se aconteceu, por alguma razão foi.
orgulho-me. apesar de já não te amar como te amava, gostei de ser parva, gostei de andar enganada, gostei de fechar os olho perante o que eu não queria ver. mas gostei principalmente de ter acordado e ter entendido que tudo não passou de um pesadelo e que recomecei de novo de uma forma saudável. e adorei, ou melhor, amei saber que de ti, nada me resta e que ser feliz, está tão perto. está ao meu alcance.

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ohh muito obrigada dsd já por me visitars, mas um especial agradecimento por deixares a tua opiniao :) beijinho