não esqueci, de todo. mas superei. acho que já não dói tanto, quase nada, mesmo. a dor foi diminuindo e a força do tempo, mesmo sem querer, fez muitas das coisas ficarem na memória daquilo que um dia pode ser recordado. não que seja de todo fácil, mas já tinha saudades de ver a chuva contigo. já tinha passado tanto tempo depois da nossa última tarde a ver a chuva a cair. é bom saber que o inverno sempre foi a nossa estação do ano, e este frio sempre me fez lembrar os filmes que víamos em tardes geladas que ficaram perdidas na história de um passado mal contado e ainda assim mal vivido. porque apesar de tudo, tu foste deveras a maior marca que a vida me fez cravar. não só pelas amarguras, mas pelas histórias deliciosas que em vão, o nosso amor nos obrigou a escrever. pelas palavras que proferimos e por todas as outras que foram substituídas pelo silêncio que nos uniu, tantas vezes. mas no fundo, nunca deixei de te amar. não te posso dizer que aprendi a viver sem ti. porque não se aprende, vive-se e sobrevive-se, de mansinho, de um jeito misericordioso a vida vai passando e cada vez vai ganhando forma e razão. mas nunca me esqueci de ti e daquilo que fomos capazes de ser. pelos nossos sonhos e projectos, e pelo futuro que juntos criávamos em todas as vezes que sorríamos quando pensávamos em conquistar um "sempre". talvez sim, ou talvez não. com muita calma, vamos fazer destes pequenos momentos que temos vindo a viver o relógio do nosso amor, e se assim permitirmos, os próximos calendários contarão a história das nossas vidas. mas mesmo assim, nunca te esqueças que dias sem conta, eu preferi o frio da rua e a chuva de inverno só para ficar contigo.