há muita coisa que eu gostava de dizer aqui, ali, agora, depois, ontem. o Homem guarda dentro de si uma mágoa do seu tamanho que nunca ninguém soube que existia, porque raros são aqueles que dizem tudo o que pensam e fazem tudo o que sonham. é impossível concretizar sonhos no meio onde vivemos; impossível realizar objetivos e pôr ideias em prática. quantas cartas idílicas nós escrevemos à noite, no escuro silêncio frio que nos envolve, e no fim, as dobramos e guardamos só pra nós; quantos sonhos nós deixamos pendurados na almofada e quantas lágrimas ficam resguardadas num sorriso que voa com o tempo; quantas e quantas vezes nos calamos só porque outrem pode não gostar do que vamos dizer; quantas vezes a voz fala em silêncio num diálogo connosco mesmos pelo simples motivo de que é melhor agir assim... o ser humano sempre optou pela inércia, pelo ócio, pela angustia existencial e eu sempre me achei uma incompreendida. todos os dias eu mergulho num tédio que me abafa de desespero quando à minha volta estão milhares de pessoas e eu me sinto só. não sei se é por ir contra as convenções mas nunca me habituei a esta sociedade. acho que esta aldeia global precisa de mais atitude, de mais veracidade no olhar e de menos palavras... porque onde todos falam raramente todos acertam e se entendem. tenho pena de não existir num outro lugar, talvez... talvez as coisas pudessem ser diferentes e os dias pudessem ter outro brilho. não entendo como alguém é capaz de sair de casa e sorrir a todo custo porque é feliz. mas é por isso que eu digo, nada vai ficar por aqui... piores momentos virão e eu vou tornar-me numa pessoa mais firme, um dia mais tarde. vou ter que aprender que todas as acções "ocasionais" dos meus inimigos têm segundas intenções e que nada do que fazem vem sem razão... vou ter que aprender que hoje tenho pressa de crescer, mas amanhã vou morrer de saudades da infância irremediavelmente morta que vivi. a vida é mesmo assim. e isto foi só um lamento, numa noite perdida e afogada entre mágoas. com todo o meu coração, sejam sinceros. menos eufemismos, menos perífrases... por favor