2.2.15

sete meses depois, voltei. não fugi, não me esqueci do blog; não poderia fazê-lo, irremediavelmente, é parte de mim... apesar das ausências constantes, dos silêncios profundos, das pausas longas... este blog é um pedaço de mim e eu sou feita dele. também ele fez um pouco de mim: ajudou-me a perceber-me sempre que me 'personifiquei' em palavras; mostrou-me que existe um mundo para além de mim que é aquele que eu construo nos meus sonhos; deu-me a entender que existe muito mais para além daquilo que eu consigo abarcar pelos meus sentidos; (...) este blog é, no fundo, um mundo dentro de mim porque, para além de reservar alguns anos da minha vida, guarda aquilo que de melhor tenho: o delinear suave de uma mão cheia de projetos felizes. e é tão bonito regressar e (re)ler o que escrevi em tempos passados que, inevitavelmente, construíram os tempos presentes e tornarão possíveis os tempos futuros. gosto imenso de escrever, mesmo! (caramba) sou tão feliz a escrever; ao som de um piano que nunca me desilude: a suavidade de um timbre incomparável, as notas inexplicáveis, o toque doce de uma música que não precisa de voz. é tudo tão bonito quando escrevo. e talvez hoje tenha sido o dia. escrevi imenso nos últimos tempos, mas não o fiz no computador; o bloco que carrego diariamente está cheio de textos longos, repletos de metáforas e antíteses - sempre disse que a minha vida era uma verdadeira antítese - que vão verbalizando o caminho que percorro, todos os dias. gosto muito do caminho que tenho feito, acho a minha caminhada bonita de se ver e viver. tenho construído tudo com tanto amor e carinho que fico orgulhosa de mim. há dias percorri o Porto com uma das pessoas mais importantes da minha vida (e falo do Porto porque tem sido o lugar onde tenho passado, obviamente, a maior parte do meu tempo) que foi, muito provavelmente, a melhor surpresa de 2014, uma das pessoas que tornou o meu mundo (tão) mais bonito - o meu namorado - e, concluído o primeiro semestre do segundo ano, fazendo uma retrospetiva, aprendi tanto nestes últimos seis meses. o Porto faz-me, mesmo sem querer, uma pessoa completamente diferente: muda-me, troca-me as voltas, esgota-me por completo, leva-me à exaustão, faz-me suar, (...): primeiro porque exige de mim aquilo que eu sabia que iria exigir mas não estava preparada e, segundo, porque me ensinou e isso é, sem margem para dúvidas, para mim, o mais importante: que ninguém pode ser aquilo que verdadeiramente é. todos nós, sem querer e porque tem de ser, usamos máscaras. confesso, a primeira vez que tentei ser o que sou, destruíram-me, completamente. as 'pessoas citadinas' são muito diferentes de nós, da terra, da aldeia, da vila. complicam, refazem, inventam, competem, não vivem, sobrevivem. é por isso que, por muito que o Porto me faça feliz, eu tenho que voltar à minha base: ao cheiro da terra cultivada, ao silêncio de uma estrada que dorme, à montanha que aparece do outro lado da janela, ao campo que não deu origem a uma estrutura. sou (muito) feita disto. e tenho tanto orgulho. o Porto vai formar-me profissionalmente e pessoalmente, de outra forma não seria possível, mas há algo de basilar que eu trago da vila e quero levar daqui, comigo, para onde quer que eu vá: as minhas recordações mais bonitas, as minhas lembranças, as minhas raízes mais profundas que fazem de mim aquilo que eu sou e não consigo ver nos outros. sou muito eu, eu sei. mas sou mais feliz assim. gosto imenso do Porto, mas não percorria o meu caminho da mesma forma se usasse a máscara que uma vida na cidade exige. tão difícil de explicar. talvez faça falta o silêncio que não existe, o sorriso nos rostos desconhecidos que se cruzam diariamente, talvez. boa noite.

1 comentário:

  1. Bem verdade Laura. O que o Porto te está a mostrar agora, mostrou-me a mim a alguns (muitos....) anos.
    É tão bom voltarmos às nossas raízes......
    Beijocas :-)

    Cristina

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ohh muito obrigada dsd já por me visitars, mas um especial agradecimento por deixares a tua opiniao :) beijinho