Sabes, hoje debrucei-me na janela daquela casa onde já estivemos durante tempos juntos. Hoje, atravessei aquela passadeira que há tempos tinhamos atravessado os dois, de mão dada. Hoje, sentei-me naquela mesa por entre árvores onde já em tempo estivemos os dois sentados e envolvidos na brisa do tempo. É incrivel, é impressionante, é horrivel, olhar para trás e ainda te amar, ainda me lembrar de ti e chorar de saudades.
Apesar de tudo, apesar da dor, apesar das lágrimas e até dos sorrisos, tu sempre foste tu. Tu sempre foste aquele alguém a quem eu ofereci sempre uma estrela e um minuto de atenção. Sinto tanto a tua falta nesta noite sem estrelas. Abro a mente ás palavras, palavras ocas, sem originalidade nem pudor, palavras secas sem qualquer intenção, palavras frias que originam choros e desespero, palavras que se derivam em ti e para ti, na tua imagem e no teu sorriso.
Confesso... Se alguma vez existiram dias perfeitos, se alguma vez despertei sorrisos sinceros foram todos que naquele tempo eu era tua e tu eras meu, em que sorriamos os dois sem qualquer motivo, em que eu me agarrava a ti e... O inverno teve muita mais cor quando tu me aquecias no teu peito, quando me sussurravas palavras quentes nos meus ouvidos e cendias a chama do nosso amor para estarmos os dois ali, aconchegados. E sabes o que é que eu sinto agora? Dores. Dores de ter o coração tão despedaçado, tão imuno e infimo entre lágrimas de sangue e cortes sucessivos que remoem. Por me teres partido os sentimentos e deixado a desilusão como peso, por teres sido capaz de deitar tudo a perder e depois de quatro meses sem ti eu ainda te amar. Quero é ser sombra de ti. Fechadas as palavras frias, secadas as lágrimas eu digo, infelizmente eu ainda te amo, mas porquê?