nós somos fruto das escolhas que fazemos e das opções que tomamos; somos o resto que sobrou de uma outra vida que já se foi; somos a imperfeita construção que um alguém outrora desenhou quando não tinha mais nada para fazer; vivemos a história que outrem escreveu quando estava nostálgico; somos atores de uma sociedade hipócrita, vítimas de um país decadente que só nos ensina a regredir e nos faz desacreditar em nós próprios; que nos faz ter medo de crescer por entre uma multidão que vive atormentada também... e as estações de rádio só emitem gritos de gente desesperada, de gente que gostava de comer, gente que gostava de viver a vida, só. mas por aí, os fotógrafos só registam momentos de uma população que sobrevive e os jornais contam misérias reais. tenho pena, pena que o mundo se tenha tornado num campo de combate onde todos procuram atingir os seus fins sem olhar aos meios que têm; onde cada um só vê o seu próprio umbigo... e entristece-me ver que a televisão que em bebé me contava histórias de encantar, hoje só me fala do que não existe, na esperança de uma sociedade melhor, do que nunca haverá, na minha opinião. porque enquanto existir esta crise de valores, esta carência de princípios, esta falta de respeito e esta enorme escassez de consideração pelos outros... Portugal vai continuar a ser como um caranguejo e com o passar dos anos, tornar-se-à num deserto que nem areia irá ter. triste olhar aquele que observa este país e não vê nada.