eu preciso de mim, só; preciso de me sentir eu, de ser eu, de me ter, de me amar, mais um pouco. eu continuo a achar, desde sempre, que me entrego demais às pessoas, agarro-me a elas com a esperança de que elas ficarão pra sempre na minha vida e que o fim das coisas acontecem porque as pessoas partem... e eu vou ter que aprender, um dia, que as pessoas não são pra vida, e que na minha vida muitas vão aparecer pra depois desaparecer. que seria de mim se, ainda hoje, todas as pessoas que conheci na vida ficassem comigo, desde sempre? onde andaria o meu sorriso se, outrora, eu o tivera dado às pessoas que me vão marcando? eu vou ter que aprender que o que fica são os gestos, as atitudes, o invisível que se entranha depois de um abraço forte, o cheiro que fica atrás da orelha depois de um beijo, os olhares que nos seguem,... porque as pessoas vêm, ficam, conversam, conquistam, apaixonam e partem... porque têm outras pra conhecer e outras pra ver, pra ficar, pra conversar, pra conquistar e pra partir, novamente. até eu parto da vida dos outros, porque se nem a vida é eterna, porque é que as pessoas deveriam sê-lo? mas caramba, mesmo que não fiquem, deixem ficar um pouco de vocês, nem que seja um toque, mas deixem. nunca ninguém perdeu nada enquanto se deu. e é tão bom nós nos darmos aos outros, nós fazermos pelos outros, nós entregarmos sorrisos e deixarmos abraços nas caixas de correio dessas casas por onde todos os dias passamos... é tão bom deixar pegadas nas ruas que percorremos... e, quando me dizem que as pessoas não nos dão nada eu fico vazia de tudo... é que eu sou apologista que a gente aprende mais numa conversa perdida numa tarde de inverno do que num ano escolar... as experiências é que falam, o saber, a idade conta tanto daquilo que a gente percorre... é por isso que os meus sapatos estão velhos; porque eu insisto em caminhar nesta estrada negra, porque este caminho faz sentido, porque eu colho grandes frutos nesta viagem.